
O Brasil se destaca mundialmente como um dos países líderes em transplantes de órgãos. Com o maior sistema público de transplantes, o país realiza os procedimentos via Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo assistência integral e gratuita aos pacientes, desde exames preparatórios até a cirurgia, acompanhamento pós-operatório e medicamentos. Contudo, o número de doadores ainda está longe de atender à crescente demanda de pacientes que aguardam por um órgão.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a doação de órgãos é um processo no qual órgãos ou tecidos são retirados de uma pessoa viva ou falecida para serem transplantados em outra, com o objetivo de restabelecer funções vitais. Rins, fígado, coração, pulmões e córneas.
Um cenário desafiador
Em 2023, o Brasil registrou o maior número de doadores. No entanto, a realidade ainda é preocupante: para cada 14 pessoas aptas a doar, apenas duas efetivaram a doação. Isso significa que o número de doações poderia mais do que triplicar, e, considerando que cada doador pode beneficiar diversas pessoas, a situação de muitos pacientes na fila poderia ser transformada.
Dois fatores principais explicam essa discrepância. O primeiro está relacionado à identificação rápida da morte encefálica. Após o óbito, o processo para a doação deve ser ágil, e, se houver demora, a oportunidade de realizar o transplante é perdida. O segundo, e mais significativo, está na autorização familiar. No Brasil, mesmo que a pessoa tenha manifestado em vida o desejo de ser doadora, a palavra final é sempre da família.
A importância do diálogo familiar
A legislação brasileira não exige declaração oficial ou cadastro para quem deseja ser doador de órgãos. Tudo depende da vontade expressa à família em vida. Portanto, o diálogo é importante. Ao informar a família sobre o desejo de doar, os parentes estarão preparados para tomar uma decisão rápida e consciente em um momento de luto, respeitando a vontade do falecido e contribuindo para salvar vidas.
Fortalecimento de políticas públicas
Para enfrentar os desafios e ampliar o número de doações, o governo federal tem investido em políticas públicas. Em setembro de 2023, foi criado o Programa de Incremento Financeiro para o Sistema Nacional de Transplantes, que visa aumentar a capacidade assistencial e melhorar a qualidade dos transplantes realizados no país. A iniciativa inclui investimentos em tecnologia, capacitação de profissionais e campanhas publicitárias para conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos.
A medida prevê programas de formação continuada para gestores e profissionais da saúde. Esses esforços buscam desmistificar o processo de doação e incentivar tanto a população quanto os profissionais de saúde a se engajarem.
Um gesto de amor que pode mudar vidas
Embora o Brasil seja referência mundial em transplantes, a fila de espera é extensa e aumenta todos os dias. Mais de 43 mil brasileiros aguardam por um órgãos.Apesar dos avanços na medicina e das campanhas de conscientização, é essencial que mais brasileiros estejam cientes da importância desse ato.
A doação de órgãos é, sem dúvida, um gesto altruísta que transcende a morte e oferece esperança a quem mais precisa. Para que mais vidas possam ser salvas, o diálogo familiar e a conscientização coletiva são passos essenciais.
Fique por dentro:
O Brasil possui o maior sistema público de transplantes do mundo.
Os principais órgãos transplantados são rim, fígado e coração.
Mais de 43 mil pessoas aguardam na fila por um órgão no Brasil.
No Brasil, a doação de órgãos depende da decisão da família. Por isso, é importante que, em vida, a pessoa converse com os familiares e esclareça a sua decisão.
Existem duas formas de se declarar doador: a carteira de identidade e a autorização eletrônica para doação de órgãos.
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